Questões da Prova da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo (SEE-SP) - Supervisor de Ensino - CETRO (2008)

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Segundo Santos (2001), a globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista e, para entendê-la, há que considerar dois elementos fundamentais:

  • A o estado das técnicas e o estado da política, necessários ao entendimento de qualquer fase da história.
  • B a economia e a ciência aplicada à produção material.
  • C a velocidade da mudança tecnológica e a informação em tempo real.
  • D a escassez, enquanto fenômeno econômico, e o estado da técnica, enquanto conhecimento.
  • E a redefinição do conceito de espaço geográfico e do conceito de fronteiras.

A globalização atual adota formas brutais para impor mudanças que levam à necessidade urgente de rever o que fazer com as coisas, as idéias e também com as palavras. Trata-se de uma dupla tirania: do dinheiro e da informação. Esta imposição é externa aos países e movida por empresas mundiais que competem entre si, sobrevivendo as que têm mais-valia maior. Segundo Santos (2001), qual o efeito, nos países, dessa imposição por mudanças?

  • A Os países se tornam mais definidos em sua identidade nacional, como reação dialética à tendência de homogeneização. Há uma busca interna de avanço tecnológico para não desaparecer na feroz competição que se trava entre as economias nacionais. Nesse movimento, é freqüente os estados se tornarem autoritários.
  • B O efeito não é uniforme para todos os países. Quando o país é adiantado na economia e na tecnologia, sua identidade é reforçada e todas as camadas sociais beneficiam-se da mais-valia. Já os atrasados, chegam a "negar" sua identidade cultural e têm a maioria da população pauperizada e uma minoria enriquecida.
  • C É um efeito fragmentador, pela imposição da competição e do individualismo que solapam os vínculos de solidariedade; há também um efeito de enraizamento de cada um a seu território, na forma de bens imóveis, como contrapartida da velocidade das mudanças.
  • D É um efeito aglutinador sobre os países como totalidades político-econômicas, fazendo com que formem blocos para competirem com mais força no mercado global. Em cada país, os estados nacionais, mesmo as ditaduras, sofrem um processo de modernização tecnológica, para viabilizar o funcionamento dos blocos.
  • E É um efeito fragmentador. As fronteiras se tornam porosas para o dinheiro e a informação; os países, enquanto estrutura em movimento, perdem visibilidade; o estado se omite quanto aos interesses das populações e se torna mais forte e ágil, mais presente, ao serviço da economia dominante.

Oliveira (2003), analisando a relação entre educação e planejamento como determinante na concepção da escola como núcleo da gestão educacional, afirma, entre outras, a idéia de que, a partir da década de 90,

  • A a valorização do setor privado como referencial de modelo eficaz de gestão parte do suposto de que os recursos para a educação são insuficientes e os mecanismos de distribuição, irracionais.
  • B o planejamento central ainda responde às expectativas do momento, definindo investimentos e uniformizando-os para cada escola, cada município e cada estado, independentemente de suas potencialidades.
  • C é depositada na educação a expectativa de que esta possa, através da mobilidade social, melhorar os mecanismos de distribuição de renda e inserção produtiva, através do preparo dos indivíduos para o mercado de trabalho.
  • D a grande produção acadêmica denunciando o caráter economicista das relações entre educação e desenvolvimento resulta na superação desta abordagem, tanto nos planos de governo quanto em documentos que tratam de políticas sociais.
  • E as reformas administrativas no setor educacional vêm incorporando, efetivamente, os segmentos sociais e suas representações em novos modelos de gestão mais democráticos, porque mais participativos na descentralização dos serviços.

De acordo com análise de Bruno, em artigo da coletânea Gestão Democrática da Educação (2003), no atual processo de internacionalização da economia, comumente designado por globalização, a transnacionalização corresponde a um estágio superior de internacionalização que o capital alcançou. Sua novidade é conjugar a ação dos grandes grupos econômicos entre si e no interior de cada um deles, diretamente, sem preocupação com a integração de nações ou de sistemas econômicos nacionais. Dentre outras implicações, a autora destaca:

I. não há possibilidade de desenvolvimento fora desse quadro de economia internacionalizada e as diferentes nações não encontram condições sociais e econômicas homogêneas, reproduzindo-se as desigualdades em escala mundial.
II. a integração é feita entre setores da economia, de diferentes nações, de acordo com níveis distintos de produtividade, de capacidade de inovação, de formas de exploração do trabalho, mundialmente estabelecidos, e não entre economias nacionais.
III. a estrutura de poder do pós-guerra não se mantém, mas a ONU, como organismo internacional é fortalecida, bem como seus diversos conselhos.
IV. a estrutura de poder com múltiplos pólos esvazia o Estado Central de seus poderes e atribuições, limita sua ação e o desagrega por meio de privatizações, mas age numa certa invisibilidade, porque não tem formalidade jurídica.
V. a educação escolar é estimulada e recebe investimentos, com vistas a sua universalização e à formação de trabalhadores tecnicamente especializados.

São verdadeiras, de acordo com a autora, as implicações

  • A II e V, apenas.
  • B III e V, apenas.
  • C I, II e IV,apenas.
  • D II, III e V, apenas.
  • E I, II, III, IV e V.

Escreve Milton Santos (2001):

Não se pode dizer que a globalização seja semelhante às ondas anteriores, nem mesmo uma continuação do que havia antes, exatamente porque as condições de sua realização mudaram radicalmente. É somente agora que a humanidade está podendo contar com essa nova qualidade da técnica, providenciada pelo que se está chamando de técnica informacional. Chegamos a um outro século e o homem, por meio dos avanços da ciência, produz um sistema de técnicas presidido pelas técnicas da informação. Estas passam a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando a presença planetária desse novo sistema técnico.

Diante dessa realidade, o autor vê a globalização

  • A como irreversível tal como é na realidade: perversa.
  • B como fase histórica crísica e com desfecho imprevisível.
  • C como disfarce, como fábula, pois só a minoria poderosa usufrui dela.
  • D como possibilidade de ser uma outra globalização que ponha o homem em seu lugar, o central.
  • E como excelência do gênio humano, criador da unidade do planeta por meio da técnica.